Gringo entrando no forró? Trio Dona Florinda em Turnê na Europa!

13 de novembro de 2014

Há pouco mais de um mês o Trio Dona Florinda retorna a Paulo Afonso após uma turnê de 3 meses na Europa que renderam diversas apresentações em festivais culturais do lado de lá do oceano. O trio que é formado por Juliana Ponse, Carolina Alexandra, Amanda Ribeiro e conta com a sanfona de Salvio Emanuel tem pouco menos de 2 anos de existência e já demonstra sinais de que tem plenas condições de atingir os objetivos que almeja. Afinal, com essa idade tão breve, além da turnê, já se apresentou no foco do forró que é o São João de Campina Grande por 2 vezes, em Galante e já tem CD e DVD circulando por aí afora.

 

A banda já mudou algumas integrantes mas a voz forte e sertaneja de Carolina Alexandra ainda permanece dando o recado de que elas vieram para ficar. Essa experiência para Carol foi, sem dúvidas, algo único e que fez com que a mesma começasse a se sentir ainda mais parte do grupo. “Sempre foi um sonho pra mim viajar para outro país levando arte. E eu realizei, simples assim!! Foi maravilhoso, foi um passo grande pro Trio Dona Florinda, para mim como cantora, como artista, de mostrar minha cultura para outra cultura e ser bem recebida. Além disso tudo nesses 3 meses a gente teve que conviver, a gente se descobriu, se conheceu melhor e o trio não virou só um grupo musical. Pra mim virou uma família. Acho que isso também foi muito importante pro trio, pra esse passo que a gente deu. O grupo precisa ter união antes do sucesso, foi aí que a gente descobriu isso. Além de ter sido maravilhoso e alguns momentos eu não ter querido voltar (risos)” diz Carol.

 

 

 

O sanfoneiro Salvio, que já morou na Espanha por 5 anos se mostrou bastante espantado com essa onda de forró que está se espalhando pela Europa. “Quando eu tocava lá eu tocava com orquestra, é outro segmento. Eu tocava muita musica típica de lá. Essa é a 1ª vez que eu vou pelo forró. Sempre que toquei música brasileira lá era bossa nova, samba... e nesses 3 anos que eu passei no brasil eu não tinha noção do quanto o forró tinha crescido em relação a Europa e acho que em quase todos os países da União Européia”... “A gente teve que sair do Nordeste, sair do sertão para conhecer de verdade nosso forró porque hoje, é ate difícil dizer isso, mas o forró esta ‘contaminado’. O que realmente é a cultura do forró é essa formação: triângulo, zabumba e sanfona. Essa é a essência. Foi criado para a cultura das pessoas que eram mais pobres e uniu às pessoas mais ricas ... se você voltar para essa origem desse forró, lá ele continua fazendo a mesma coisa: unindo, por exemplo o Brasil e a Alemanha, podendo  dançar o brasileiro com o estrangeiro. .. a gente teve que sair daqui do Brasil pra enxergar isso.”

 

 

 

As diferenças culturais “espantaram” os integrantes da banda afinal, nós brasileiros, calorosos como somos, temos o contato físico como uma atitude normal, enquanto eles são mais frios. Mas no momento do forró, o contato era algo que fazia todo mundo ficar do mesmo lado: o lado da diversão, da energia que o ritmo proporciona. “É interessante ver uma dualidade de personalidade, eles fora do forró são super secos, frios... só que no forró eles tiram isso porque eles dançam de suuuuuaaaar, de pingar!! E é contato. Eu acho que o forró é o momento de extravasar. E é incrível, quando acabava o festival você já notava a mudança outra vez.”

 

 

Esse período viajando pela Europa fez com que eles percebessem que é possível sustentar o forró tradicional desde que seja feito com dedicação, qualidade e persistência. A turnê deixou os integrantes cheios de planos que serão concretizados por aqui mesmo por Paulo Afonso e região. Salvio garantiu que ótimas novidades estão por vir e promete dar uma chacoalhada no cenário do forró pauloafonsino. Bom para a cidade que recebe mais um grupo com o interesse de fazer com que a música seja levada a sério e seja transformada em projeto de vida. De antemão já disseram que será gravado mais um CD no início do ano para ser trabalhado até o São João e há possibilidades de forrós periódicos por aqui. Quem sabe eles não trazem o que está dando certo lá na Europa pra cá? Já imaginaram um festival com o dia inteiro de oficinas de dança e instrumento e as noites de muita festa e “rala buxo”??!!

 

 

“É emocionante vc ver o pessoal aprendendo uma cultura sua em outra língua” Carol

“Quando eu vi a essência do forró funcionando na Europa eu pensei: eu não tô remando contra a maré” Salvio Emanuel

“Lugares que a gente passou e fomos o único trio nordestino, o restante era de São Paulo, Minas.... Difícil imaginar isso né?! mas o mais interessante é ver que eles estão tocando MUITO BEM” – Juliana Ponse

 

 

Por Ana Paula Araujo

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Fotos e vídeos: acervo Trio Dona Florinda